About us and the technology

This week something very interesting (and also maybe sad) happened in Brazil. The government has this program of giving financial aid for poorer families, and every month these people go to the bank to withdraw their money. Last weekend there was a rumor in social networks that this benefit would end, and that people had only until Saturday to get their money. Although this was officially denied by the government on the same day, it was not as strong as the terrible rumor, and thousands of people filled the banks on Saturday, in several states of Brazil. It is said that around 900.000 people were able to withdraw their benefits.

This immediately reminded me of a very very good series I have been watching. It’s called Black Mirror and it’s exactly about how technology is becoming more and more present in our lives, and what are the consequences of that if we don’t pay attention. It is not a series per se, since each episode is independent of the other (different plot and characters). But all of them have this characteristic of teasing us about how we react (or not react) to the technological advances. There are only two seasons, each with three episodes, and they are all worth it 🙂

Sobre a Marina Silva e Marco Feliciano

Ok… Eu andei defendendo a Marina Silva por aí, e não é a toa que essa notícia veio parar na minha mão. Mas como uma boa brasileira, eu já aprendi a desconfiar de repórteres e jornalistas, e procurar informações de fontes mais confiáveis.

Já haviam me falado a respeito do fato dela ter “virado” evangélica, e quando eu pesquisei direito descobri que na verdade ela é evangélica desde 1997. Ou seja, quando concorreu às eleições em 2010 já tinha sua religião, e isso nunca foi motivo pra ela ter posições polêmicas e extremistas a respeito de assuntos complicados como aborto e casamento gay. Aliás, ela tem uma posição incrivelmente sensata, e a fonte dessa informação é essa entrevista aqui. Portanto, a crítica da notícia do Estado de Minas, parágrafo 4, não procede.

Quanto à chamada da notícia, sobre o fato dela ter “defendido” Marco Feliciano, não poderia ter sido mais sensacionalista. Eu desconfiei porque já tinha visto a opinião dela sobre o Marco Feliciano aqui. Tudo que ela disse era que o Marco Feliciano deveria ser criticado sobre suas posições e afirmações, e não pelo fato dele ser evangélico. Afinal de contas, existem muitos evangélicos (e católicos, e ateus, e budistas, e etc) capacitados para exercer essa função. A opinião dela sobre o assunto pode ser vista aqui, e também foi postado um esclarecimento na página do Facebook deles:

Marina Silva sempre foi contra os posicionamentos de Marco Feliciano e sua presença na comissão de direitos humanos http://ow.ly/l3FUZ 

Veja também o vídeo em que ela comenta sobre escolha de Feliciano para presidir a CDHM http://ow.ly/l3GSv 

Além disso, a Rede Sustentabilidade também já se posicionou sobre o tema: http://ow.ly/l3IoD

Ela está no momento dando uma entrevista a CBN Recife sobre o fato. Colocarei o link aqui quando estiver disponível.
Ou seja, a crítica da notícia não procede. Espero que vocês também consigam ver isso.

EDIT: O vídeo com o que ela realmente disse.

Sobre a política brasileira

Recentemente a Marina Silva decidiu juntar esforços para criar um novo partido político no Brasil. Eu li sobre ele, seu estatuto, vi algumas entrevistas e resolvi apoiá-lo. Eu não sou o tipo de pessoa politicamente engajada, mas ultimamente eu tenho prestado atenção na política do Brasil. A visão que eu tive, de fato, não é bela. A governança é muito complicada, e as boas intenções ficam perdidas em um processo longo, burocrático e muito dependente de troca de favores. Eu fico triste em ver como uma coisa tão importante para o desenvolvimento e organização de um país, quando visto de perto, pode se reduzir a um processo tão mesquinho. Mas é melhor eu explicar o que eu vejo, porque a gente tem olhos diferentes.

O trabalho de um político é discutir e propor leis (projetos de lei, medidas provisórias, emendas na constituição, etc.) com o objetivo de melhorar o país. Isso é um processo democrático, e os políticos votam nas leis uns dos outros e elas só são aprovadas se obtiverem uma certa porcentagem dos votos. Até que não parece tão mal, certo? Mas aí eu comecei a acompanhar notícias, ler sobre a tramitação (uma palavra elegante para o vai e vem que uma proposta sofre antes de ser definitivamente aprovada ou reprovada) dessas leis e entender realmente como isso funciona.

Pra começar, não existe essa coisa de discutir antes de elaborar uma lei. Cada um trabalha mais ou menos independente, e propõe leis ao seu bel prazer. Às vezes acontece de um grupo elaborar alguma lei, mas em geral, as leis têm como autor uma pessoa só. Bom, vamos supor que todos estejam interessados no bem comum (e ignorar projetos propostos para benefício próprio ou irrelevantes). Hoje o Brasil tem 513 deputados (mais o Senado, câmaras, comissões, presidente, tribunais, etc.) que podem propor leis. Então a gente tem um monte de propostas por aí, e os políticos devem ler essas propostas, sugerir mudanças (emendas), revisar as mudanças, revisar as emendas sugeridas para as suas próprias propostas e votar. Só que é muita coisa! Só em 2012, foram 1841 propostas, em 2013 já são 638, e isso são só projetos de lei. Existem quase 400 propostas em regime de urgência. O Brasil vive um momento relativamente estável, será que esse tanto de lei é necessário? Será que não existe um monte de assuntos com vários projetos de leis diferentes?? Por que as pessoas interessadas no mesmo assunto não se reuniram antes pra discutir como (e se) deveria ter uma lei pra isso? O processo pelo qual passa uma proposta é longo e burocrático, e se as propostas forem menos e mais coesas, tudo ficaria mais fácil pra todos.

Então, no meio desse mar de sugestões, como é que um deputado vota? Ele é afiliado a um partido político, então ele vota a favor de propostas de pessoas do seu partido e de partidos aliados. E ele vota contra propostas de partidos aos quais o partido dele faz oposição. Por que? Porque essas pessoas depois vão votar nas propostas dele, independente delas serem boas ou ruins para os eleitores, porque elas também querem o voto dele em alguma coisa. Ao meu ver, isso é uma luta cega por aprovação de propostas e parece que quem aprova mais, ganha. Mas ninguém está realmente prestando atenção se as coisas votadas são coerentes e de acordo com seus princípios ou não. Daí acontecem coisas do tipo a reforma do código florestal ser aprovada e o Marco Feliciano ser eleito presidente da comissão de direitos humanos… (o que não é uma lei per se, mas também depende de votações). Me parece que os políticos estão tão preocupados com a rede de favores que vai fazer com que eles consigam votos que, na hora de votar, pensam somente em quem vão agradar ou desagradar com seu voto (lá dentro, não a gente) e não em que se está votando realmente.

Entre o caos, surge a Marina Silva como candidata a presidente em 2010, dizendo que não vai fazer alianças ou prometer cargos, e sim chamar as pessoas mais competentes para cada trabalho. Ou seja, ela queria fazer o que é certo. O partido que ela quer criar agora não é diferente. Ela se recusa a assumir uma posição cega de apoio ou oposição ao governo e afirma que vai apoiar o que é bom e criticar o que é ruim. Diz também que não vai fazer alianças com partidos políticos, mas pode apoiar candidatos de outros partidos que tenham uma causa compatível com os ideais do novo partido. No meu ponto de vista ela está tentando acabar com o jogo de interesses e focar novamente na qualidade das propostas, e não em quem está por trás delas.

Ao perguntar a algumas pessoas o que elas achavam, fiquei surpresa ao descobrir que a maior crítica é exatamente a que, na minha opinião, são seus pontos fortes. As pessoas dizem que existe uma falta de posicionamento porque a Marina não adotou um rótulo direita/esquerda ou pró/contra o governo. Mas na verdade ela está disposta a apoiar o que é bom em todos os lados. O problema em escolher lados é que você acaba ficando preso a uma filosofia ou pensamento, e quando vê algo bom em outro lado, ou você não apoia por teimosia, ou apoia e corre o risco de ser chamado de hipócrita e perder a credibilidade. Qual o problema em não tomar lados e analisar, o mais imparcialmente possível, as ações de todos os lados e decidir qual é a melhor no momento?
As pessoas dizem também que ela não consegue ganhar uma eleição ou governar sem fazer alianças porque “é assim que o sistema funciona”. Pra mim é muito claro como essas alianças atrapalham o poder de julgamento dos deputados, e mesmo que alguém me diga que o projeto X só foi aprovado por causa de alianças, eu digo que se os políticos analisassem objetivamente e X fosse um bom projeto, ele seria aprovado de todo jeito. É óbvio, pelo menos pra mim, que quanto menos interesses estiverem envolvidos na votação de um projeto, mais objetiva será sua análise. Então por que não acabar com as alianças políticas? “Porque é assim que o sistema funciona” é uma desculpa muito ruim. Tantas coisas já mudaram! Eu não sei que incredibilidade é essa. Afinal de contas, quem vota é a gente, e se quisermos eleger só candidatos sem alianças, dispostos a lutar pelo bem coletivo (seja lá qual seja sua definição de bem coletivo, existem várias delas e várias ideologias defendendo cada uma), basta votar neles. Eles são poucos, mas eu finalmente acredito que eles existem.

Deixo aqui meu apelo por eleitores, candidatos e políticos mais transparentes, simples, objetivos e unidos pelo bem de todos.

Perspective

This is an old post in fact… it’s been one year or more that I’ve written this in my notebook, and in the middle of an organization of notes, I decided to write it here and have an extra page to go to the recycling bin.

This week I went with João to a (very fancy) hairdresser so he could have his hair cut. Everything was very modern and new, and the hairdresser himself had a very stylish braided beard and a tail on the back of the head. He spoke little English, and since we speak little German, the conversation was basically noun-driven. Initially he thought we were from Portugal, as we told him we spoke Portuguese. But as soon as he found that we were actually Brazilians, he was more enthusiastic about it. And then came all the comments about the summer, football, etc. Suddenly he made a very interesting remark: he noted how nice it was that in Brazil kids go out to play football on the streets and how bad it was that in Austria kids come home from school and are just on the internet the whole day.

It is interesting because in these moments we realize how Brazil is perceived. We did not bother to explain him, but we Brazilians know it’s not like this. If you live in a relatively big city, say, more than 0.5 million inhabitants, you know the only kids playing football on the streets are the really poor ones, that live in a favela or something close to it. The kids from middle class families or above are too afraid (or have parents that are afraid) of going out to play on the streets. They are playing with their neighbors in the buildings’ playgrounds, or maybe going to football (or karate, or tennis, or English) classes in private schools (by car, of course) or, most likely, inside their own apartments playing video games and chatting to their friends on the internet. Children (or people in general) are not really engaged into outdoor activities, mostly for security reasons.

It’s funny how we observe exactly the opposite in Vienna. It’s summer now, so we see people riding bikes, running, having picnics in parks or by the river, strolling around the parks… Also, we see *a lot*, really, almost every day, groups of kids with teachers walking around to visit places or go to parks. And they even use the public transportation! It looks very nice!!

So how can the hairdresser make a comment like that? Maybe it’s because he has never lived in Brazil, maybe we haven’t been here enough… but quality of life in Vienna is amazing in any case.